sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O 6º dia - narrativa

Buenas, pessoal!
Na última postagem contando nossa aventura, minha e do meu filho Paulo Augusto, pelas areias das praias gaúchas, de bicicleta, relatei nossa chegada em Bojuru, localidade pertencente a São José do Norte, abaixo de chuva, vento e frio. Era 2ª-feira, dia 07/01.
Na 3ª-feira, 08/01, acordamos cedo na Pousada Lucas, e ficamos felizes em enxergar o céu azul da janela. A chuva havia ido embora. Mas, ao montarmos as bicicletas e sairmos para seguir a viagem, o que temíamos aconteceu: vento sul, que, no litoral, significa desafio, esforço. Luta mesmo! Porque bate na testa da gente, a 30km/h!
Descemos 2 km pela BR-101 até chegarmos no trevo de acesso à praia. Foram 6 km de areia fofa, molhada, e lodo, muito lodo, por conta da chuva de ontem. Empurramos as bicicletas carregadas por praticamente todo o trecho, e demoramos mais de 1 hora para superarmos esse pequeno percurso. O Augusto, sempre tão concentrado, ficou furioso já de manhã cedo, por conta dos constantes atolamentos. E seus joelhos também começaram a doer.  Péssimo sinal.
Na praia, um pescador nos disse que o vento estava forte, e a areia fofa por causa do "mar do sul". Eu não tinha ideia do que isso significava. Descobri logo depois.
Era   I-M-P-O-S-S-Í-V-E-L   pedalar! Pelo ressalto que dei, espero demonstrar o grau de dificuldade que passamos a enfrentar.  O tal "mar do sul" significava que a areia tinha sido revolvida pela chuva, e estava tão fofa que em nenhum lugar da beira da praia havia chão firme para pedalarmos. Como as bicicletas estão muito pesadas, começamos a afundar, não importava onde andássemos!  Matei a saudade da subida da Cordilheira dos Andes, em 2010, quando o vento oeste me fez empurrar por quilômetros a fio a bicicleta montanha acima.  O Augusto e eu tivemos que apear das magrelas e empurrá-las por horas!
Ao meio-dia, naquele olho de sol, sem uma sombra sequer - apenas a praia e as dunas -, almoçamos atum enlatado (proteína) com pão seven boys (carboidrato), e de sobremesa mariola de banana (potássio e glicose), além de Toddynho (cálcio e lactose). Uma "bomba" para aguentarmos o tranco e evitarmos caimbras e distensões.
Para se ter uma ideia do esforço em pedalar em condições tão adversas, habitualmente o Augusto e eu paramos a cada 10 km para descansar, tomar uma água e relaxar a musculatura. Nessa percorrida, paramos a cada 1 km! Isso mesmo! A cada 1 km.
Aí tomamos uma decisão: dividir os 90 km que pretendíamos percorrer num só dia em dois. Com isso, a alternativa seria pernoitarmos na Barra do Estreito, mais ou menos no meio do caminho. Chegamos às 18h, próximos da exaustão. Nem a praia, sempre tão pródiga em atrativos - navios afundados, aves, peixes, sangas -, tirou nosso foco. Tínhamos que chegar. Foi o que fizemos.
Na pousada do Seu Serafim, fomos recebidos com festa pelos pescadores e pelo dono, que, aliás, conhece muitos montenegrinos, tanto pescadores quanto motoqueiros, que passam pela região para praticarem motocross nas dunas. Falou no seu (e meu) amigo Enery, no seu filho Giovane, no Nico e no Ique Mombach... e mandou que eu lhes transmitisse a todos um abraço. Está dado.
À noite fomos seus convidados para uma tainha assada, junto com os pescadores, e perdemos a hora de irmos dormir, de tão agradável que foi a companhia. O "mar do sul" nos concedeu uma das noites mais legais de toda a viagem!
Bait'abraço!

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